17 de fevereiro de 2015

De quem terei herdado este monstro? Esta desesperança, esta não-ambição, esta preguiça, esta carência que traz para a minha cama as coisas mais tóxicas... Não, ninguém me dará a mão, ninguém me levará para longe daqui. Não posso mais esperar por ti, tu que não voltarás, tu que não foste apenas dar uma volta, tu que encontraste paz noutro sítio, a léguas de mim. E todas desfilam, e nelas a tua imagem, a esperança de encontrar um pouco de ti nos seus recantos, de não me sentir tão só. Tantas luas desde que partiste e onde estou hoje? Voltei de Paris, e comigo voltou o pranto, o eterno confronto com a minha triste realidade, com a falta de vontade de construir algo que se evaporará um dia. Não me lembro de ter voltado a provar a felicidade, não me lembro de uma só vez em que algo voltou a fazer sentido, de uma só noite em que não fui assombrada pela tua imagem. O tempo passa, e tudo parece que ele destrói, e a única coisa que fica intacta é o meu desejo de te voltar a cruzar, algures. Porque é que é sempre a ti que volto quando não há mais nada? Porque é que me tinhas de lembrar que existem coisas boas no mundo, porque é que continuas a ser a única, e porque é que eu não inspiro o mesmo em ti? 

Não Leonor, já estavas tão longe... 
Já não é ela. 

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