17 de fevereiro de 2014

E outra vez a vontade de me perder, de ser a ratazana que fora, a louca, aquela que tantas vezes vi em sonhos estendida na Rua da Alegria. Que irónico ter sido nessa rua, mas não será esse o fato que melhor me assenta? Quero a euforia, a adrenalina, a orgia, o banquete, a catarse, o grito estridente, os vícios, as caras novas, os corpos, sim, os corpos. Delas, deles, sujos de lama, arranhados pela vida, podres por dentro. A doença, o mijo contaminado, o revirar dos olhos, o cabelo desgrenhado, o abismo, a ressaca, a dor, a chuva, a mesma roupa de há três dias, as quedas, o vomito, os parasitas, a prostituição emocional, a entrega a um desconhecido, o duche de agua fria, o veneno, a lamina a perfurar o meu braço já em sangue, o nó na garganta, o frio na barriga, o arfar, os dentes cerrados, um gato assanhado, e mais sangue, e mais dor, e mais álcool, e mais ressacas, e mais orgasmos, e mais gritos, e mais sujidade, cada vez mais poluída pela vida, cada vez mais corrompida, cada vez mais ratazana, cada vez mais eu!

Rrrrrrrrr tragam mais carne, tragam mais whisky 

1 comentário:

Fernando Ferreira disse...

Leonor, excelente: Céline com Artaud q.b....