1 de outubro de 2013

Na escuridão qualquer luz é um sol

Pedir-te o mundo seria egoísta, porque a tua condição humana não o permite. Esqueci-me de olhar para ti de frente, e comecei a olhar para cima. Porém, não foste tu quem cresceu, fui apenas eu que me ajoelhei. Fiz-me pequena face a ti, e ninguém gosta de coisas pequenas e submissas, todos preferem contemplar o céu. Hoje estou consciente da minha inconsciência, volto a perceber que me sabotei a mim própria, volto a ver em mim algo que julgara tem apagado; um enorme masoquismo.
Mas hoje levanto-me, levanto-me porque trago comigo uma grande mala de recordações, que escreveram livros e lições. E entre as linhas das minhas memórias, encontro uma que esquecera com o tempo. A memória data de há menos de um ano, num período em que todas as luzes se tinham apagado, em que a desesperança vivia em mim, e que todo o meu mundo se baseava à volta de um só ser. Julgava ver nesse ser a esperança, julgava que seria a única coisa que me traria a felicidade, e achava que não haveria nada mais a seguir. No entanto, os meses passaram e o seu nome foi-se apagando, apagando sem se apagar completamente, porquanto somos todos o nosso passado, e aquele nome ficará inevitavelmente ligado a mim. Contudo, permanece apenas um nome, que deixou de ecoar na minha cabeça. Do céu desceu à terra, e vive hoje entre nós como um simples mortal.
É então, ao relembrar-me da sede que senti, que me levanto subitamente do chão em busca daquilo que ainda está para vir. O pranto, a desesperança, são apenas sentimentos nefastos que nos colam ao chão, imóveis, que nos tiram força e motivação, que privilegiam a passagem do tempo, criando um problema que é apenas acessório, mas que nos distrai do verdadeiro problema, aquele que tem de ser resolvido. Não é o fim, nunca será o fim, haverá sempre mais, haverá sempre melhor, a primavera acaba sempre por chegar, e com ela o sol, e com ela a felicidade.
Aqui vou eu.

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