18 de março de 2013

Desejando o indesejável

É em momentos de extremo cansaço,
Que partilho com os outros um sonho,
Que anseio apenas por um pedaço,
Ao qual tantas vezes me oponho...

Uma banalidade que não ouso dizer,
Por ser um cliché sem poesia,
Por me querer fazer pertencer,
Ao rebanho; à grande maioria.

Quero simplesmente (direi baixinho,
Para não me ouvirem!)
Quero dar a mão e um beijinho,
E ouvir os outros a aplaudirem!

Quero espelhar a minha coragem,
E ter paz por um só segundo,
Agir como os outros agem,
Não querer ir contra o mundo...

Quero dar a mão a quem amo,
Recear com eles o risco,
Por tranquilidade eu chamo;
Uma vida sem poesia, sem isto...

Sem todo o tormento diário,
Todas as pulsões que me tramam,
Todas as horas a fugir ao dicionário,
A criar, a amar pessoas que não amam...

A converter manadas em identidades,
A fazer chorar quem se julga forte,
A correr atrás de vaidades,
Perdendo a sanidade, perdendo o norte.

E no fim, está sempre a desilusão,
Aquele poço de casa da minha avó,
Onde vi tantos animais caírem no verão,
Querendo-os salvar, mas estando só...

E lá ficaram eles, destinados à morte,
E eu impotente a vê-los morrer,
E eu contente de não ter tido essa sorte,
Como posso eu sorrir quando sou a única a viver?





2 comentários:

Anónimo disse...

gosto muito!!

Anónimo disse...

és a poeta mais coiso, curti bue deste, bj fr