15 de fevereiro de 2012

Arrependimento

Há pouca coisas de que me arrependo realmente, mas há muitas que desprezo. Pessoas que deixei entrar na minha vida para não me trazerem nada. Não me mudaram em nenhum aspecto e hoje olho para trás e vejo que dei demasiado. Acreditei que mudariam a minha vida, acreditei que pudessem vir a estar num altar. Ingénua... acredito demasiado nas pessoas e pouco em mim, e na maior parte das vezes nem reparo que elas estão mesmo ao meu lado.
As muitas caras de pessoas perdidas pelo tempo, aquelas que na minha memória mal se vêm pois há demasiada neblina a rodeia-las... As suas expressões não são nítidas, são até na maioria das vezes confundidas com outras com quem me cruzo na rua. As vozes, o cheiro, as formas, é tudo tão ambíguo e tão distante, quando é que saíram da minha vida? Lembro-me melhor de pessoas que conheci há sete anos, do que outras há uns meses. O ano passado teve um período tão escuro e tão vazio, onde espremi toda a carência que sentia e me dei a quem passava esperando uma chave para a libertação... é triste esquecer... A única estabilidade que encontro é a do presente. Como é que eu permiti que aquelas pessoas entrassem na minha vida? Como é que lhes pude dar a mão pedindo-lhes para fazerem o mesmo? Era tão inocente e tão frágil. Felizmente a maturidade chegou para me aconselhar, hoje uso o tempo para que o hábito possa limpar os retratos de quem conheço. Aos dezasseis anos percebi que o inicio decide o fim. A pressa não traz a felicidade mas apenas uma ilusão muito passageira; também não traz desilusão nem dor, mas infelizmente deixa sementes de arrependimento, que só existem porque o nojo e a sujidade se acumulam num filtro até que nos apercebemos da realidade e rejeitamos todo o caos.

Sem comentários: