3 de setembro de 2010

O passado e o futuro numa ligação constante.

Passaram mais de 6 meses e ainda continuo com as mesmas perguntas, com as mesmas indignações, com as mesmas incertezas, com os mesmos argumentos, com a mesma ferida. Eu continuo a querer falar sobre isto, eu continuo a não perceber. E eu quero perceber, eu preciso de perceber. Porque cada vez que ouço falar em "Alemanha/Alemão" cai me tudo em cima.. E eu não aguento, porque foi uma coisa que me marcou brutalmente. Mais do que qualquer outra situação. E ninguém imagina a dor que eu senti naquela altura, e essencialmente, a raiva. Ainda sinto raiva, frustração. Porque cada vez que eu tento simplesmente esquecer, acontece qualquer coisa que me faz recair naquele buraco. Esta historia toda vai me acompanhar por muito tempo. E todas as caras, as memórias, nada disso será esquecido. E trago muita raiva e rancor comigo. Gostava de ser ouvida, gostava de ouvir. Mas infelizmente as pessoas são egoístas, não vivem para os outros. Afinal de contas, isto de não ir à Alemanha fez me crescer. Porque é o sofrimento que nos faz crescer. Eu não quero insistir nisto, mas foram dias, noites a chorar, a gritar, a partir coisas. Eu estive sozinha. Foi terrível, era inverno, não estava a chover, mas estava frio. O sol batia, e foi logo no principio da aula de português. Era segunda feira, entre as 14h e as 15h. Dois dias antes da partida...dois dias...e eu estava de consciência tranquila. Não percebi o que se passava. Chorei tanto. Devia ter chorado mais. Houve um momento em que pensei em atirar me para o chão. E esta brincadeira alastrou se até hoje. Porque ainda hoje eu choro quando me dizem que o meu futuro vai ter de passar pelo alemão. Eu tenho medo. Tenho medo de lágrimas, tenho medo da minha raiva, tenho medo de todas as aulas em que não ouvia, em que escrevia. Pois eu escrevi textos e textos sobre isto. E tudo em vão...pois continuo com tudo dentro de mim.

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