2 de março de 2023

 Este ano muito me esforcei para não desiludir, para a agarrar, para que quisesse ficar. Nunca nada tanto me podia transformar, quanto aquilo que foi. Aquilo para que tive de olhar, e aquilo que escolhi não ver. Recordo melhor a ausência do que a presença. E porém...

Tudo o que de ingénuo havia, se tornou movimento regressivo até uma infância que fui forçada a revisitar. Construímos tantas coisas em cima do que foi, que perdemos o que lá estava. E porém... Onde é que eu começo e o outro acaba? O que é que é meu, o que é que eu não sou? Quando é que me perdi de mim para caber... Não havia lá lugar nenhum. Nasci para gostar de mim, para aos outros ensinar a amar. Nunca tanto devia ter duvidado do que já sabia. Eu estava certa desde o inicio. A ela não vi nunca como igual, confundi-a com uma dádiva, um milagre, e havia algo em mim que eu não gostava, que gritava que eu não merecia. Foi preciso ficar pequena para perceber que já não o sou.

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