21 de janeiro de 2019

Não meu amor, não estejas triste,
Das minhas esperanças não tens
Qualquer responsabilidade... Apenas a de
Por entre a multidão me teres vindo
Resgatar, acendendo-me e levando-me,
Sem querer, a crer que havia
Para mim um lugar de amor.
Não meu amor, tu nunca me disseste
E eu a ti também nunca expliquei que
Também precisava...
A ti eu queria contemplar, aprender
O que nunca fora capaz de ser,
E dar-te o que fosse necessário
Para te aquecer.
Não, nem agora desejo ocupar
Espaço na tua dor.
Não quero ser peso nos teus anseios,
Desejava para nós um espaço intermédio
Onde fosse razoável adormecer.
Por favor amor, perdoa-me, eu achava-me
Capaz, mas não sou se não incapaz
Por não me saber capaz.
Estou sempre a tentar ser aquilo
Que ainda não sou,
Presa na discrepância entre aquilo
Que é e o que quero que seja.
Eterna insatisfação que ora é motor
Para me ir tornando,
Ora é impeditivo para me
Ir aceitando...
Não consigo não querer abraçar
O que de triste em ti existe,
E todavia, não querendo querer
Quero para mim o mesmo...
....Ainda bem que não o fazes,
Mas quem me dera que o fizesses!


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