6 de janeiro de 2019

Há dias em que questiono a tal "força" que adquiri, a maneira mais calma como me fui desenvolvendo. Se estou hoje mais capaz, também se deve ao facto de ter reduzido exponencialmente as expectativas que tinha das coisas e das pessoas. De ter voltado a atenção para mim e para os meus desejos mais íntimos. De ter parado de estender tantas mãos e depositar tanto no Outro. Tenho hoje como eles a vida totalmente calendarizada, sei onde estarei nos próximos cinco anos, de segunda a sexta. Os momentos hoje são projectados no futuro, vejo imediatamente as implicações dos meus impulsos, e nego-os. É verdade que as coisas já não doiem tanto... Mas também não têm grande sabor. Hoje não estou à mercê dos desejos do Outro. Hoje o poder é meu, mas para quê? Há manhãs em que vejo só uma repetição das mesmas dúvidas, das mesmas mágoas. Estarei eu verdadeiramente renovada. Certamente mais capaz. Mas para quê? O amor continua a ser para mim um verdadeiro antídoto face à monotonia, uma boa janela através da qual podemos contemplar a Beleza que efectivamente existe, um sopro que te torna mais criativa, mas mesmo esse nunca mais será celebrado por mim da mesma forma... Afinal hoje o amor tem de estar também ele encaixado na minha vida super regrada...

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