3 de junho de 2012

Pré-verão

Não quero companhia no verão, não é isso que eu procuro. Não quero estar sempre com alguém, pois a solidão é mesmo isso, é ver pessoas mas não as sentir, pois quem eu quero sentir não terei, e por isso quero o silêncio que me fará avançar sem que ninguém dependa de mim. Vou hibernar durante um verão na esperança de que tudo seja mais feliz no final. 
Ainda nem chegou o verão e já me caíram uma quantas pedras em cima. A primeira foi dolorosa mas rapidamente habituei-me à dor ao ponto de nem a sentir. E hoje as palavras fogem, afastei tanta gente ultimamente, que hoje não vejo o propósito de escrever... As minhas palavras já perderam toda a sua intensidade, e há meses que escrevo sem emoção, há meses que escrevo só por escrever! E qual é a mensagem por detrás de cada texto? É quase inexistente ou é banal, e como fui eu afogar-me na banalidade? Eu era tão mais pertinente há uns anos, era tão fácil de raciocinar correctamente, hoje em dia a experiência diz-me que há várias oponentes a cada ideia. Torna-se complicado de organizar o raciocínio e o tempo é escasso para me dar ao luxo de os ter. À noite deixei de delirar, mergulhei num hábito muito mais saudável, o de ver filmes até adormecer, o que pelo menos deixa-me algo de concreto. 
As diversas distracções mataram o meu espírito, já não sou a mesma pessoa, e por muito que em textos antecedentes tenha valorizado a minha mudança, hoje culpo-a da perda das minhas palavras! Pois da fragilidade nasciam belos textos, da confiança não nasce nada! 
Ainda passo muito tempo sozinha mas já não tenho tanta resistência à solidão e rapidamente alcanço alguém. É por isso que no verão com uma emigração geral, sou simplesmente obrigada a provar o travo amargo da solidão. E por muito que procure, poucos são os que estão perto de mim. E nesse momento o telefone é inútil, ninguém o quer ver, para quê comunicar com o exterior quando temos tudo no interior? O problema é que na maioria dos casos eu fiquei à porta e sinceramente nunca tentei entrar, pois achei que não era a minha casa, mas tentei sempre manter os mínimos laços. Mas da saudade nasceu a obsessão, e rapidamente enlouqueci, até que encontrei alguém que também esperava à porta. E abracei-o, e agarrei-me a ele, e ele deixou-me. Não será sempre esta a história? Nem sempre neste sentido, mas raramente alguém fica para sempre, e mesmo que o corpo fique, muitas vezes a mente já fugiu para bem longe... 

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