28 de abril de 2012

Dilema

Ainda não decidi se quero continuar a padecer por ele ou se quero viver na ilusão de não padecer até ao dia em que o sofrimento vier todo de uma só vez e destruir toda a esperança que criara até lá. Ou talvez não seja uma ilusão, talvez desta vez seja apenas verdade. Mas como hei de saber se me enredo por caminhos complicados? Será que estou pronta para reviver tudo ou será que tenho de largar? Para quê largar algo de tão enriquecedor? Doí, eu sei que doí, mas faz-me sentir viva, faz-me acreditar que tenho um objectivo e uma meta, faz-me sonhar e da-me aquilo que mais quero, palavras para o contar.
Encaro a situação com a maior naturalidade pois há muito que a novidade acabou. Hoje falo apenas de algo que se tornou um hábito e de uma coisa bastante banal. Eu nunca gostei de coisas banais, mas sempre gostei de vícios, pois os vícios por muito banais que sejam, são indispensáveis e sempre que os consumimos, sentimos que eles deixam de ser banais saboreando-os como no primeiro dia.
Já não me cansa, já não me entristece, já não me mata. Estou mais forte e mais calma, estou pronta para fazer qualquer coisa, estou pronta para largar e estou também pronta para ser paciente. Tenho tudo para ter sucesso, só não sei que sucesso é que quero. Depois de tanto tempo, será que a taça vale o esforço?

4 comentários:

Anónimo disse...

Escreves muito bem. Mas será que não há outra forma de teres "sucesso"...? Será que queres mesmo continuar este vicio...?

Anónimo disse...

A luta é enriquecedora e a dor inspiradora. No entanto, cobrem-nos também a vista. Há felicidade na periferia, mas estamos tão no centro que nos escapa.

Leonor Ramada disse...

é isso que me pergunto todos os dias, é um vicio demasiado antigo e demasiado desenvolvido. O sucesso de que falava era quanto a este assunto, será que devo continuar ou será que é tempo de largar? Fico feliz se tiver o que sempre quis, mas também fico feliz se esquecer esse desejo. É complicado após tanto tempo...

Leonor Ramada disse...

Foi um comentário muito inspirador, mas no meu caso acho que a felicidade está na dor, está no centro, porque o que eu procuro é uma felicidade que se confunde muitas vezes com a tristeza, o que quero dizer com isto, não é que sou masoquista, é apenas que me sinto viva e sinto que toda a dor me traz felicidade, pois traz-me palavras e é isso que procuro. E sei que há outra felicidade na periferia, mas será essa a felicidade que procuro?