10 de fevereiro de 2010

723 Amoreiras-Algés

É fantástico como os meus olhos evoluíram. Ontem via o que tinha à frente sem interesse, hoje voltei atrás. Revejo o que já conheço com outros olhos. Olhos mais profundos, olhos que vão para além do concreto.
Continuo a acreditar na minha teoria que defende que a visão do ser humano está cada vez melhor.
Isto tudo para introduzir o tema que hoje quero desenvolver...

Hoje por volta das duas e pouco da tarde, no autocarro, sozinha, eu pensava um pouco em tudo. Estava a ouvir musica quase deitada no banco. Observava o que ia passando, algo que há muito conhecia. Mas hoje tudo parecia mais próximo, mais claro. E foi no meio de muitos pensamentos que ao ver um bebe a brincar com os progenitores me lembrei de como é ser pequena. Lembrei me de como víamos as coisas. Era tudo tão distante, eram tantas as perguntas. Nada estava ao nosso alcance, vivíamos lá em baixo, protegidos pelos outros. Éramos inocentes, éramos felizes. E quem nos tirou isso? Ao fim de alguns momentos de reflexão, conclui que a única coisa que nos tirou isso tudo, foi a altura. À medida que fomos crescendo fisicamente, começámos a ver mais. Começámos a sentir toda aquela liberdade de acção. Já não dependíamos dos nossos pais para chegar à retrete, vestir o pijama, abrir o frigorífico. E foi nessa altura que começou o declino. A distancia era cada vez mais do solo. E agora pensem um bocado...quem é esse chão? Quem é que nos sustenta, quem é que é o nosso chão? o nosso apoio...? São os nossos pais. É também por isso que quando chegamos a uma certa idade, sentimos falta deles e é aí que como se diz "encolhemos". Será verdade? e se for, será suposto eu saber? O mundo é perfeito, a explicação está nos nossos olhos e dentro de cada um.
1 Minuto dessa viagem.

3 comentários:

Anónimo disse...

Fantástico.
Grande consciência - quão pesada por vezes se torna transportá-la.

.feio_do_irc.

James™ disse...

bonito o texto :)

leeah disse...

lindo, que saudades desses tempos.